Instituto Brasileiro de Museus

Museu Casa Benjamin Constant

Museu Casa de Benjamin Constant, 36 anos

18 de outubro é sempre uma festa no bairro carioca de Santa Teresa. Nesse dia, no ano de 1982, foi inaugurado o museu na casa onde viveu e faleceu o Fundador da República.

publicado: 18/10/2018 11h48, última modificação: 13/11/2021 13h06

Viva o Museu! Viva o Nordeste!

18 de outubro é sempre uma festa no bairro carioca de Santa Teresa. Nesse dia, no ano de 1982, foi inaugurado o museu na casa onde viveu e faleceu o Fundador da República. Anualmente, temos a satisfação de comemorar levando aos leitores alguma história do museu, do seu patrono ou mesmo alguma preciosidade do nosso acervo. Dessa vez, mesmo ainda fechados para obras de restauro, vamos celebrar de um jeito diferente, nordestino.

Sim, viva o Nordeste! No dia 19 de setembro de 2018, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural reconheceu a Literatura de Cordel como patrimônio cultural imaterial brasileiro. O cordel é uma forma literária que se desenvolveu no Nordeste e Norte do Brasil, a partir das tradições orais, e se manifesta numa rica mistura entre palavra, arte, música e performance. Em Pernambuco, por exemplo, são tradicionais as declamações e pelejas, ocasião em que dois poetas competem explorando os virtuosismos da língua e das histórias que contam.

Os fluxos migratórios brasileiros acabaram disseminando essa bela arte por outras regiões. É o Nordeste, mais uma vez, dando o tom e a voz para o Brasil. Como resultado temos , também no bairro charmoso de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel. A ABCL pesquisa a história do cordel e congrega cordelistas que continuam enriquecendo a arte. A série “100 Cordéis Históricos“, publicada pela Academia, é um verdadeiro tesouro para a história desse patrimônio.

O Museu Casa de Benjamin Constant teve a honra de ser contemplado com uma versão da história de seu patrono, contada pela arte nordestina. O cordelista Gonçalo Ferreira da Silva, da ABLC, captou com beleza e poesia a trajetória de Benjamin Constant, e pergunta:

“Quem foi esse homem ilustre
Que o título mereceu
De Fundador da República
E depois que faleceu
Em honra à sua memória
Foi construído um museu? 

Gonçalo lembra, também, do dia 18 de outubro, que mais uma vez celebramos. Hoje sabemos que a data não foi a de nascimento de Benjamin, mas sim do seu “renascimento”:

Benjamin perdeu o pai
Com doze anos de idade
Foi um choque, não somente
Pela questão da orfandade
Mas por dedicar ao pai
A mais profunda amizade

Diante de tais tragédias
Benjamin muito abatido
Tristonho e contrariado
Da vida desiludido
Tentaria suicídio
Mas não foi bem sucedido 
Atirando-se num rio
O jovem desesperado
Foi salvo por uma escrava
Que com imenso cuidado
Fez que fosse o suicídio
Graças a ela frustrado 
Foi dia dezoito de outubro
O triste acontecimento
Benjamin considerou
A partir desse momento
A ter dezoito de outubro
Como o do seu nascimento 

O fato, diga-se, gerou muita confusão na historiografia. Mas o cordelista nos informa:

Alguns historiadores
No instante inicial
Se perguntavam confusos
Qual a data oficial
Se dezoito de outubro
Ou aquela original 
Dissipada aquela dúvida
Ante informações exatas
São nossas autoridades
Estudiosas cordatas
Sobre a histórica importância
Das duas solenes datas” 

Em homenagem ao renascimento de Benjamin, o museu foi inaugurado em 18 de outubro de 1982, e foi assim adicionado mais um ingrediente ao que podemos chamar de imaginação museal. Já temos 36 anos de museu, fruto de uma história que começou no século XIX. Só mesmo a poesia de cordel para contá-la com essa beleza, em apenas 8 páginas! Se você quer conhecer um pouco mais sobre o cordel, visite a ABLC, que fica na Rua Leopoldo Fróes, 37, Santa Teresa, Rio de Janeiro.Viva o Museu! Viva o Nordeste!