Instituto Brasileiro de Museus

Museu Casa Benjamin Constant

Vamos pra Geórgia? Sim, por que não? – parte I

publicado: 03/04/2019 17h51, última modificação: 05/11/2019 10h20

Mais um belo texto de nosso historiador Marcos Brum, contando sobre uma rica viagem que fez a serviço para um país muito pouco conhecido: a Geórgia. Mais não dizemos. Leiam e deliciem-se!

A cidade de Tbilisi vista do parque Kartlis Deda.

Uma das iniciativas mais interessantes do Ibram em 2018, foi a de promover a participação de servidores em eventos internacionais. Por meio de um edital que contemplou seis servidores, o Ibram esteve presente em três meetings da área de museus, dois nos Estados Unidos da América e um na Geórgia.

Muralhas antigas da cidade, fachadas com varandas…
… e prédios da era soviética (ao centro da imagem). Ao fundo, um prédio espelhado, ainda em construção.

Ué? Como assim? A Geórgia não fica nos EUA? Fica, mas não é dessa que estou falando. Trata-se da Geórgia, o país, aquela faixa de terras férteis e belas que separam a Rússia do Azerbaijão e da Turquia. Foi para lá que eu me “despenquei”, mais precisamente para a capital Tbilisi, em companhia do museólogo e amigo Andre Angulo, do Museu da República. Fomos selecionados para fazer parte da Conferência Anual do Comitê de Educação e Ação Cultural, que é um braço do Conselho Internacional de Museus – o ICOM.

Seminário onde estudou o georgiano e futuro líder soviético Josef Stalin.

O principal fator de importância da missão foi a natureza e a temática do evento, que se dedicou à reflexão sobre educação e ação cultural numa perspectiva histórica, explorou velhos e novos significados e deu destaque para experiências de museus ao redor do mundo. O evento ocorreu no ano em que o Ibram lançou o Caderno da Política Nacional de Educação Museal (PNEM), o que nos permitiu comparar, avaliar e divulgar o trabalho seminal que o Ibram tem desempenhado no Brasil.

O “difícil” alfabeto georgiano em placa da Academia de Artes de Tblisi e nosso historiador. Clique para ver maior.

Tbilisi é um lugar feito para não ser esquecido, cheio de surpresas. A língua, para início de conversa, bem, não tem início de conversa em georgiano, a não ser que você tenha um pouco de conhecimento em… georgiano! Sim, o idioma é especificamente daquele país, não tem correlatos e conta com um alfabeto próprio. São variações de, basicamente, três símbolos ou ‘scripts’. A escrita é linda, mesmo sem poder ler, deu para admirar.

Fachadas de Tbilisi antiga: as varandas são marcas da presença persa na região,
incorporadas ao estilo georgiano de arquitetura.

A cidade ainda preserva trechos da sua configuração antiga, muralhas, algumas ruínas, fundações e tanques de banho. Em alguns locais, a arquitetura é um verdadeiro palimpsesto temporal. Muros da antiguidade e medievo convivem com construções em estilo persa e prédios com uma configuração cara ao período soviético. As varandas são hoje entendidas como característica típica dos prédios georgianos, entretanto foram incorporadas à vida urbana a partir da presença persa na região. Assim, podem-se ver semelhanças entre casas georgianas e iranianas, com suas varandas adornadas e, ainda hoje, com os tapetes persas. Elas podem ser reformuladas segundo materiais e estilos modernos.

Continua…