Histórico
Tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1958, a casa foi transformada em museu em 1982 reunindo móveis e objetos, além de livros, documentos e fotografias do arquivo pessoal de Benjamin Constant e seus familiares.
Benjamin Constant mudou-se para esta casa com sua família em 1890, vindo a falecer em 22 de janeiro de 1891. Antes de alugar a casa de Santa Teresa, Benjamin Constant e a família moravam nas dependências do Instituto de Meninos Cegos.
Construída em 1860, caracteriza-se como uma típica casa de chácara com jardim e caramanchão. Com sua morte em 21/01/1891, foi adquirida pela União, ficando em usufruto da família.
Com a morte de sua filha mais jovem, Araci em 1961, a casa é retomada pela União e a SPHAN – Serviço Patrimônio Histórico Artístico Nacional – recomeça o trabalho de organização do Museu, com a reconstituição do ambiente familiar e do contexto sócio cultural em que viveu o “Fundador da República” brasileira através de mobiliário, utensílios, objetos pessoais e com a contribuição de seu neto Benjamin Fraenkel por meio de cartas e desenhos enviados a museóloga Hercília Canosa Viana, responsável pela tarefa de inaugurar o museu, considerado a Primeira Casa da República.
A casa
A casa foi construída, por Antonio Moreira dos Santos Costa, seu proprietário. Benjamin Constant alugou-a em 1889, logo após a Proclamação da República, quando participa do governo provisório como ministro da Guerra e, logo depois, como ministro da Instrução, Correios e Telégrafos.
A propriedade é uma chácara, o que significa a existência de uma ampla área verde em plena cidade. Benjamin se sentiu maravilhado ao entrar no jardim pela primeira vez e olhar a Baía de Guanabara, bem como os telhados do velho casario lá embaixo; imediatamente disse que alugaria a casa sem nem sequer olhá-la por dentro.
A edificação está situada em amplo jardim densamente arborizado com mais de 10.500m², dos quais um pouco mais de 300m² de área construída são referentes ao museu, e outros 200m² de área construída são concernentes à casa anexa, perfazendo um total de 520m² construídos.
A casa foi construída no estilo neoclássico, com caramanchão e coreto em um parque de árvores frutíferas e ornamentais. Possui planta de arquitetura em forma de “U”, formando, assim, um pátio interno, para o qual dão várias portas e janelas.
O museu também possui em seu terreno uma edificação anexa, onde, originalmente, tudo indica ter sido uma cocheira, ou casa de serviçais. Quando a filha Bernardina Constant se casou, por volta de 1905, essa casa anexa foi reformada e ampliada para que pudesse acolher melhor o casal. Atualmente, a casa anexa abriga a sede administrativa do museu, com os setores técnicos, além do Arquivo Histórico e Biblioteca.
O título de ‘Fundador da República’, outorgado a Benjamin pelo Congresso Nacional dois dias após seu falecimento e também registrado nas Disposições Transitórias da Constituição de 1891, coroou o que o historiador Renato Lemos chamou de entronização de Benjamin no panteão de heróis nacionais. Além do título, a Carta previu o destino da última residência do homenageado:
“O Governo federal adquirirá para a Nação a casa em que faleceu o Doutor Benjamin Constant Botelho de Magalhães e nela mandará colocar uma lápide em homenagem à memória do grande patriota – o fundador da República” (Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, Disposições Transitórias, Artigo 8º, 24 de fevereiro de 1891)”.
Ao falecer, em Santa Teresa, Constant deixava a família sem dinheiro em uma propriedade alugada. A atitude da Assembleia Constituinte de fazer um artigo constitucional que adquiria a casa para a União e seu usufruto à viúva teve dois objetivos: garantir ao país a posse eterna da casa onde morou um homem que seria transformado em herói nacional, claramente um ato governamental que criou um lugar de memória, e também garantir o sossego do fim do aluguel à família de poucos recursos daquele recém-gerado herói.
Em 1958, o General Pery Constant Beviláqua, bisneto de Benjamin Constant, solicitou ao SPHAN uma intervenção no imóvel, que se encontrava em ruínas. Após estudos, a casa foi tombada como patrimônio histórico nacional, com um parecer favorável de Carlos Drummond de Andrade.
Sugestivamente, a morte de Benjamin – sua passagem da dimensão física para a mítica – marca o imóvel: o objeto do tombamento é chamado de “casa onde faleceu Benjamin Constant” (grifo atual), como se a passagem do morador de vivente a mito resultasse também na passagem da casa de residência a patrimônio.